Mentha arvensis no Paraná
Pioneiros 29 de Março de 2021
A Mentha arvensis, pertencente à família da Lamiaceae, foi introdiuzida no Brasil, durante a Primeira Guerra Mundial, pelos imigrantes japoneses.
A cultura da Mentha arvensis, no entanto, com caráter comercial, só veio a ser explorada a partir de 1936, com sementes vindas do Japão, conduzidas pelos próprios imigrantes. Anos depois, teve aqui, no Brasil, o início da industrialização de óleos essenciais, basicamente de óleo desmentolado, menta trirefinada e mentol cristalizado, que eram consumidos no mercado interno e grande parte exportado.
Em consequência, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, o produto passou a ter grande redução no oriente do seu fornecimento, o que veio motivar o aumento da produção brasileira da Mentha arvensis, que chegou a alcançar, já em 1943, cerca de 1.000 toneladas de óleo bruto de menta por ano.
A produção de Mentha arvensis, no Brasil, passou por vários ciclos econômicos. Ainda na década de 40, a produção brasileira de Mentha arvensis atinigiu acentuada queda de produção, em virtude da ocorrência de pragas nas áreas de cultivo, problema que foi contornado rapidamente, com o desenvolvimento da variedade IAC-701, pelo Instituto Agronômico de Campinas, que foi de grande importância, principalmente para o aumento da produtividade da cultura e, também, o seu teor de mentol e com melhor qualidade industrial.
Já no início da década de 50, foi superada essa crise e a propdução passou a alcançar novamente um grande crescimento, além da melhor qualidade e rendimento em óleo essencial.
Na década de 60, no Paraná, as áreas cultivadas passaram de 20 mil hectares para 27 mil hectares, representando 90% da produção brasileira de óleo essencial bruto de Mentha arvensis e, ainda 95% do total das áreas cultivadas com essa importante oleaginosa.
O Brasil, naquela época da década de sessenta, chegou ocupar o lugar de maior produtor mundial, com uma produção na ordem de 6.000 toneladas de óleo bruto de menta, anualmente, continuando assim, até o início da década de 70, ocasião em que essa atividade começou a cair em sua produção, motivada pela queda dos preços do produto internacional, o que passou desinteressar os empresários estrangeiros, que vieram cortar os seus investimentos nessa atividade, chegando até mesmo a começar fechar suas fábricas de óleos essenciais.
O Paraná que chegou a ser o maior produtor de Mentha arvensis do Brasil, principalmente no Norte do Estado, graças às condições de suas terras virgens, cobertas por ricas florestas, transformou-se no grande celeiro de óleos essenciais, atraindo várias indústrias, notadamente em Curitiba, como as grandes empresas chinesas.
O grande segredo da produção da Mentha arvensis, em nível tão alto, foi ter encontrado no Norte do Paraná, as condições mais favoráveis para essa cultura, obedecendo ao seguinte processo: a mata virgem era derrubada, em seguida queimada, restando praticamente cinza, que era um elemento muito importante para o desenvolvimento da cultura, pela riqueza do solo em portássio.
E até os tocos das árvores que ainda restavam, não traziam maiores problemas para os tratos culturais, pois mesmo eram feitos manualmente, não sendo, portanto, necessário destocar, o que trazia redução de custos. Os solos naturais eram muitos férteis, não precisando de adubação, que era outro fator que, também, reduzia despesas, podendo cultivar a Mentha arvensis, na mesma área por 5 anos, sem maiores prejuízos para a produtividade da cultura.
Depois de ser na mesma área cultivada com menta, por 4 a 5 anos, a referida área era destinada à outra cultura, principalmente soja, que se tornou uma monocultura, encontrando uma terra pronta para mecanização e outros tratos culturais.
O mesmo fenômeo ocorrido com a cultura da Mentha arvensis no Brasil, praticamente se verificou no Paraguai, passando os agricultores daquele país, aproveitar as matas naturais e os solos virgens, existentes, naquela época, no país vizinho, com custos bastante reduzidos.
Além disso, vários produtores brasileiros que atuaram no mesmo ramo, aqui no Brasil, como também os colonos que trababalhavam, já com grande experiência, na mesma atividade, mudaram-se, levando os seus familiares para o Paraguai, onde entraram no mesmo trabalho, executado no Brasil.
Até mesmo as empresas chinesas transferiram suas indústrias para o Paragaui, passando a trabalhar na produção de óleos essenciais, onde permaneceram por alguns anos, mas, por falta de matéria prima, tiveram também que fechar as suas fábricas.
A produção de Mentha arvensis, aqui no Brasil, era feita mediante o aproveitamento de matas e terras virgens, sem a prática do uso de adubação e fertilizantes. Por este motivo, o solo usado, por 4 ou 5 anos, era dispensado para novos cultivos de Mentha arvensis, pois a produtividade da cultura começava a cair, afetando consideravelmente e rentabilidade da atividade. E neste caso, procurava-se fazer uma nova cultura melhor indicada, principalmente, a soja, que era feita com o sistema de mecanização, com grande redução de mão de obra.
CHAVES, Jonas Leite. Mentha arvensis no Paraná. Boletim do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Curitiba: Departamento de Imprensa Oficial do Paraná, 2018, vol. LXXII, pp. 59 a 62.
Jonas Leite Chaves , ex-deputado federal pela Paraíba, autor do artigo sobre a Mentha arvensis, reside na cidade de Londrina, e dedica-se à literatura.
Imagem: Acervo WSCOM
Mentha arvensis trazida ao Brasil pelas mãos dos japoneses.
Imagem: Acervo Dreamstime.com
Plantação de hortelão no interior do município de Marechal Cândido Rondon (PR).
Imagem: Acervo Jorge Roberto Freitag (Raúl Peña - Paraguai).
Colheita de mentha ou hortelã no então distrito rondonense de Mercedes.
Imagem: Acervo Blog do Viteck.
Alambique de hortelã do pioneiro rondonense Edgar Weber, no distrito rondonense de Bom Jardim.
Imagem: Acervo da família.
Outro alambique instalado no interior do município de Marechal Cândido Rondon.
Imagem: Acervo Página Marechal Cândido Rondon.
Mais outro alambique no interior de Marechal Cândido Rondon.
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