Pastor Pawelke e esposa enviam mensagem pelo Natal e Ano 2016

Pioneiros 15 de Dezembro de 2015


Pastor Pawelke, à esquerda, em companhia do casal Brunhilde (Priesnitz) e Eno Thessing (em memória). 
Imagem: Acervo Brunhilde Thessing

Pastor Pawelke, à esquerda, em companhia do casal Brunhilde (Priesnitz) e Eno Thessing (em memória). Imagem: Acervo Brunhilde Thessing


_____________________________________________________________________________________

Queridos parentes e amigos no Brasil.

No momento dois assuntos nos ocupam na Alemanha: O "debate em torno dos refugiados" e o medo diante do islamismo estranho. Eles não estão somente nas tradicionais mesas de rodas de amigos, mas, por assim dizer são "quentes" na Europa, quem sabe até no Brasil? (Quem assiste à Deutsche Welle está informado). 

Neste particular tenho duas experiências pessoais: Quando, no verão, os trens estavam abarrotados de refugiados que quase inundaram a Baviera, eu fui à estação central de trens de Munique e me ofereci como voluntário, onde não faltavam auxiliares, tanto que me encaminharam a igrejas nos arredores: São Paulo (católica) e São Mateus (luterana). Na São Mateus se realizavam cultos e depois se oferecia um lanche; na outra igreja nada havia. Comparada à minha recepção em 1946, como refugiado da própria nacionalidade, expulso da Silésia (hoje Polônia) para o ocidente da Alemanha, constato uma diferença enorme. Nós, os assim chamados refugiados, não éramos benquistos. Nos acomodavam de forma coercitiva em acampamentos ou casas. Nós, por exemplo, duas famílias, tivemos que viver por sete anos em um espaço de 30m2. Hoje os que buscam por asilo são saudados com carinho, e, em tendas, recebem cuidados médicos, são registrados e ganham roupa e brinquedos para, logo em seguida, serem levados em ônibus especiais para o destino onde são abrigados. Tudo está organizado.

 Agora uma palavra em relação a "Pegida" [radicais que não querem a islamização da Europa]. Quando, depois de 1990, o Partido Nacional (NPD), recebia grande afluência de simpatizantes, eu fui convidado a coordenar um curso para auxiliares voluntários na ilha de Rügen (antiga Alemanha Oriental). Uma pastora aposentada e uma médica de Augsburg organizaram uma biblioteca enorme em uma casa pastoral que estava desocupada, oferecendo atividades para idosos e grupos de diálogo para um grupo-núcleo dos assim chamados neonazistas. Elas compraram e reformaram um velho barco de pesca, contrataram um capitão aposentado, que organizava passeios turísticos baratos para com os jovens. O problema NPD terminou depressa. Eu tenho para mim que houve poucas pessoas competentes para cuidar daqueles que de repente se libertaram do regime da Alemanha Oriental; penso que recursos disponíveis foram usados mais para asfaltamento de estradas do que para programas sociais específicos. 

Hoje oramos por um reavivamento através do Espírito Santo para o nosso mundo [supostamente] ordenado. Os imigrantes são cuidados por Diaconia e Caritas. Mas, será que com isso o problema está resolvido? No dia das "mesquitas abertas"  encontro jovens missionários islamitas que se sentem parte da nova Alemanha e não pensam em retornar aos seus países de origem. Há um tempo a nossa presidente, Sra. Merkel, lembrou o "C" que é letra da sigla do seu partido (CDU), Nós cristãos deveríamos ser menos juízes e mais a consciência da sociedade atual. O artista plástico Markus Lüpertz, que no momento está projetando os vitrauxs da igreja Elizabete da prisão de Bamberg, critica as igrejas com a frase: "A religião somente consegue cativar através dos mistérios". Não é verdade que muitas vezes pensamos que o bom Deus vai arranjar tudo (Salmo 37.5) e que simplesmente vamos para adiante de toda escuridão em vez de nos demorar junto à palavra-chave JESUS? ELE age misteriosamente com uma energia de vida, às vezes devagar (7X70), às vezes de forma espontânea. O adágio "A gente não vê o capim , mas de repente ele está aí" poderia ser DELE. O fato de que, aliado a isso, é importante o pensar comunitário,  enfatizado nas palavras de Bertold Brecht: "O jovem Alexandre conquistou a Índia. Ele sozinho? - O imperador Alter Fritz (Frederico) venceu na guerra dos sete anos. Quem mais, além dele, venceu?" - Até aqui a minha simples opinião...

 (segue parte de formulação de informações de caráter íntimo familiar).

Embora eu ainda não seja bem um ancião, que assiste o tempo passar sentado no sofá, sempre de novo sou alcançado - principalmente em sonhos - pelo meu passado. Também pelo do Brasil onde trabalhei por vinte anos. - A morte de colegas e antigos membros de comunidade me causa bastante sofrimento.

Encerro com uma benção irlandesa: "Que os teus pés te conduzam sempre para cima, também quando o teu caminho te leva pro abismos escuros. Que Deus permaneça teu guia!". Com isso desejo a vocês a benção de Deus para o Natal e para 2016 (Carta circular traduzida do alemão).

Com grande abraço,

Joaquim Pawelke e  Dorothea (esposa).

Compartilhe

COMENTÁRIOS

Memória Rondonense © Copyright 2015 - Todos os direitos reservados