Scheid: de Saarland para o Sul do Brasil - mais de 300 anos de história

Pioneiros 24 de Novembro de 2019

Henrique Aloysio Scheid foi agrimensor em Marechal Cândido Rondon; seu primo distante Nicolas Scheid mediu as terras de Hohenau, no Paraguai. 


Celebração das bodas de ouro do casal Josephina Maria Rockenbach e Henrique Aloísio Scheid, na igreja católica Sagrado Coração de Jesus, de Marechal Cândido Rondon, em ofício conduzido pelo padre Aloísio Baumeister SVD, vigário da Paróquia Nossa Senhora da Glória, de Quatro Pontes. 
Imagem: Acervo Guido Rockenbach

Celebração das bodas de ouro do casal Josephina Maria Rockenbach e Henrique Aloísio Scheid, na igreja católica Sagrado Coração de Jesus, de Marechal Cândido Rondon, em ofício conduzido pelo padre Aloísio Baumeister SVD, vigário da Paróquia Nossa Senhora da Glória, de Quatro Pontes. Imagem: Acervo Guido Rockenbach

Necrológio do genearca imigrante Peter Scheid, publicado em jornal de
língua alemã no Rio Grande do Sul. Nascido em Sotzweiler no ano de 1819,
ele emigrou com a esposa Catharina Theobald, em 1891, para juntar-se aos
filhos que viviam na região de Lajeado (RS). Em abril de de 1893, o
casal Scheid-Theobald pôde comemorar suas bodas de ouro. Peter Scheid
faleceu alguns meses depois, a 10.09.1893, em Lajeado. Ele era avô
paterno do pioneiro rondonense Henrique Aloysio Scheid. (Fonte da
imagem: Acervo Benno Lermen/Instituto Anchietano de Pesquisas -
Unisinos, São Leopoldo/RS).

Necrológio do genearca imigrante Peter Scheid, publicado em jornal de língua alemã no Rio Grande do Sul. Nascido em Sotzweiler no ano de 1819, ele emigrou com a esposa Catharina Theobald, em 1891, para juntar-se aos filhos que viviam na região de Lajeado (RS). Em abril de de 1893, o casal Scheid-Theobald pôde comemorar suas bodas de ouro. Peter Scheid faleceu alguns meses depois, a 10.09.1893, em Lajeado. Ele era avô paterno do pioneiro rondonense Henrique Aloysio Scheid. (Fonte da imagem: Acervo Benno Lermen/Instituto Anchietano de Pesquisas - Unisinos, São Leopoldo/RS).


UMA HISTÓRIA VINCULADA A MARECHAL CÂNDIDO RONDON

O pioneiro rondonense e agrimensor Henrique Aloysio Scheid (*1892, +1965) era filho, neto e sobrinho de imigrantes vindos do Saarland, no sudoeste da Alemanha, para o Rio Grande do Sul no período de 1881 a 1891. Antes deles, outro Scheid, de nome Nicolaus (*4.9.1828 Sotzweiler b. Tholey), havia atravessado o Atlântico em março 1856 para se estabelecer inicialmente na região de São Salvador e mais tarde em Santa Manuela, no vale do Taquari (RS). Ele era casado com Barbara Wecker e vem a ser tio-avô de Henrique Aloysio.

Os Scheid têm origem em Gronig, uma pequena localidade hoje vinculada à comunidade de Oberthal, no atual Estado alemão de Saarland, onde em 1691 - há mais de 300 anos - nasceu Jacob Scheid. Ele casou com Anna Maria Kormann e é o ancestral mais remoto, até aqui identificado, do clã que emigrou para o Rio Grande do Sul. Ao longo de três gerações os Scheid viveram em Gronig. Depois, descendentes se estabeleceram na vizinha Sotzweiler, uma antiga aldeia que hoje reúne 1.200 habitantes e é distrito da cidade de Tholey. Foi de Sotzweiler que em 20.08.1881 emigrou o agricultor e agrimensor Nicolaus Scheid (*16.10.1855 Sotzweiler, filho de Peter Scheid e Catharina Theobald). Consta que possuía recursos financeiros. Ele casou no Rio Grande do Sul em primeiras núpcias com a também imigrante Barbara Backes (*1861). O casal teve pelo menos oito filhos, entre eles Henrique Aloysio (*10.04.1892 Picada Santa Manuela, Paverama/RS).

Em 1896, uma tragédia se abateu sobre a família. A matriarca Barbara foi vítima de graves queimaduras provocadas pela explosão de um lampião e faleceu em meio a grande sofrimento na madrugada de 11.11.1896. Tinha apenas 35 anos de idade. Os Scheid viviam na época em Picada Morro Bonito, Paverama (RS), antiga “Russland”, e Barbara Backes foi sepultada no Cemitério Católico da localidade.

Com oito filhos menores para criar, o viúvo casou a 16.11.1897, em Lajeado, com Carolina Caye (*14.6.1855 Dois Irmãos/RS). Carolina faleceu a 13.11.1921 em Conventos, Lajeado. O imigrante Nicolaus Scheid faleceu a 13.3.1930, aos 74 anos de idade, na casa do genro Pedro Albino Rockenbach, em Conventos. Pedro Albino era casado com Catharina Amalia Scheid. Além Nicolaus, que chegou ao Brasil em 1881, vieram para o Rio Grande do Sul seus irmãos Peter Scheid (*20.12.1852, +14.9.1923 Arroio do Meio), provalmente emigrado em 1881; Jacob Scheid (*4.6.1858 Sotzweiler, +15.10.1940 Forqueta, Arroio do Meio), emigrado em 1885 e posteriormente agricultor e professor em Forqueta; e Katharina Scheid (*5.9.1850 Sotzweiler, +10.3.1923 Colônia Victoria/PR), que também emigrou em 1885 acompanhando o marido Johann Gross.

Seis anos depois, no segundo semestre de 1891, a família se completou com a chegada de mais um irmão, Johannes (*1.9.1845 Sotzweiler, +11.11.1917 Lajeado), que emigrou com a esposa Elisabeth Müller e sete filhos, todos nascidos em Sotzweiler. Juntos vieram também o genearca Peter Scheid (*15 ou 17.10.1819 Sotzweiler) e a esposa Catharina Theobald (*18.3.1826 Sotzweiler). Ambos passaram seus últimos anos de vida em Lajeado; Peter Scheid faleceu em 10.9.1893 (ver imagem - necrológio), aos 73 anos, e Catharina, em 19.10.1896.

 

CLÃ DE AGRIMENSORES - Detalhe curioso: a profissão de agrimensor é recorrente no clã dos Scheid. Não só Henrique Aloysio Scheid dedicou-se a essa atividade; também seu pai Nicolaus e o tio Peter foram agrimensores. Outro agrimensor - primo distante de Henrique Aloysio - foi Nicolas Scheid, nascido em 1880 provavelmente em Arroio do Meio, que no início dos anos 1900 participou dos trabalhos de medição de terras da colônia Hohenau, em Itapúa, Paraguai. Ele era neto dos já citados Nicolaus Scheid e Barbara Wecker, chegados ao Rio Grande do Sul em 1856. Nicolas casou com Anna Margarida Wasmuth (*1.9.1883 Arroio do Meio); o casal teve pelo menos cinco filhos. Em 1920, a família estava radicada em San Miguel Curuzu, nas cercanias de Encarnación, Paraguai.

(Pesquisa e texto produzidos pelo jornalista cascavelense Heinz Schmidt e enviado via e-mail harto.viteck@gmail.com, em 24 de novembro de 2019.)

Ver mais, clique aqui

Compartilhe

COMENTÁRIOS

Memória Rondonense © Copyright 2015 - Todos os direitos reservados