Cartaz original do filme "Selva Trágica",
O audiovisual logo remete ao trabalho análogo à escravidão que também ocorria nas “obrages¹” instaladas no Oeste do Paraná. Tão perto de nós, nas extensões de Allica com seu empreendimento Porto Artaza.
"Obrage" é palavra de origem castelhana e indicada lugar de corte e beneficiamento de madeiras próximo às margens de um rio.
O filme, lançado em 1963, é baseado no livro homônimo escrito pelo paulista Hernâni Donato, publicado em 1939 e relançado em 2011.
Apesar de seu chocante tema, de forte apelo social, Selva Trágica foi um fracasso de público. Contudo, a ausência de interesse do brasileiro pela produção não o destituiu de ser um “clássico” do Cinema Novo Brasileiro e documento ímpar de uma época em que poucos acumularam um conglomerado de riquezas, a ponto da Matte Laranjeira ser considerada a maior ervateira da América Latina.
Seus dirigentes e proprietários eram donos das mais luxuosas mansões no Rio de Janeiro, no bairro de Santa Tereza, e em Buenos Aires e Assunção. Tudo amealhado com o suor e o extremo sofrimento de milhares de “mensus” (palavra de origem espanhola, semelhante a assalariado mensal).
Aliás, apesar da designação, na verdade os trabalhadores eram dessalariados, cativos e tinham morte precoce decorrente da submissão ao trabalho estafante em turno de 14 horas, sem descanso e com alimentação precária.
Quanto ao livro, no qual o filme se atrela, a nota do Diário de Cuiabá² agregada ao texto de Elanir França Carvalho³, da Universidade do Mato Grosso do Sul, dão uma visão crítica e apresentam elementos delineadores sobre a abordagem e conteúdo que Donato traz à lume e o que representa o filme do diretor Roberto Farias.
¹ Disponível em:<http://colegiodrummond.net/materiais/13387076391384223656.doc>.
² Disponível em:<http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=402150>.
³ Disponível em: <http://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/390/360>.
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