Uno de los más renombrados "patrones" (Termino que usaban para referirse a los Dueños de las tierras en la epoca de los mensu) ,se llamaba Julio Tomas Allica, De origen hispano- argentino, fue un oficial del Ejército argentino e ingeniero, que a raíz de una fracasada revolución en su país, se refugió en el Paraguay. Era de mediana estatura,corpulento, de tez morena, de larga cabellera con un gran bigote torneado hacia arriba, . Su vestimenta era como la del auténtico gaucho con bombachón, adornados a los costados con un tejido tipo nido de abejas, encima llevaba un chiripá y un cinturón doble, de donde se colgaban dos grandes revólveres, uno calibre 38 y el otro 44, además de un puñal en la parte trasera de su cintura.. falleció en 1941. ENCARNACIÓN, 400 Años - 365 Historias - Etapa cognoscitiva - (Recopilación de Datos, Abril 2012- Abril 2013). (Texto em conferência copiado de mensagem recebida).
Mansão construída por Julio Tomaz Allica na cidade de Posadas, Argentina. Imagem enviada por A. D. Alcaraz - Universidade de Posadas - Argentina
Antiga residência de Allica transformada na Escuela nº 01 Féliz de Azara, segundo historiador Alberto Daniel Alcaráz, da Universidade de Posadas.
Artigo do jornal ABC Color Digital, de Assunção, Paraguai, em 01 de março de 2009.
Cópia da Lei Estadual nº 781, de 20 de abril de 1908, do governo do Paraná, que autorizou a vendasde terras ao argentino Julio Tomaz Allica. Fonte: Arquivo Público do Paraná
Vapor argentino "Espanha" ancorado no Porto Artaza, junto ao Rio Paraná. Imagem: Acervo Histamar - Argentina
|| Puerto Artaza - fotos do livro "Recordações de viagens ao Alto Paraná", de Arthur Martins Franco, ed. 1973 .
Cristaforia Sara Santa Cruz de Allica (ao centro, de xale), esposa de Julio Tomaz Allica, na companhia do casal Ingrun e Fridriech Rupprecht Seyboth (a esquerda), com a filha adotiva e sobrinha Joana Santa Cruz. O homem à direita foi adotado criança pela casal Alllica. Imagem: Acervo Família Seyboth
Relato breve sobre o extinto Porto Mendes , instalado pela Cia. Matte Larangeira, e uma pequena informação sobre a empresa de Julio Tomas Allica e sobre o vapor "Espanha". Fonte: Viagem Scientífica no Rio Paraná e a Assuncion com volta Buenos Aires, Montevideo e Rio Grande. ( Ainda não encontrado o autor da publicação, editora e cidade).
Relato detalhado sobre empresa e o empresário Julio Tomas Allica e sobre o vapor "Espanha". Fonte: Viagem Scientífica no Rio Paraná e a Assuncion com volta Buenos Aires, Montevideo e Rio Grande. ( Ainda não encontrado o autor da publicação, editora e cidade).
Continuação do relato detalhado sobre empresa e o empresário Julio Tomas Allica e sobre o vapor "Espanha". Fonte: Viagem Scientífica no Rio Paraná e a Assuncion com volta Buenos Aires, Montevideo e Rio Grande. ( Ainda não encontrado o autor da publicação, editora e cidade).
Moradia existente na antiga Fazenda Allica. Imagem: Acervo Família Seyboth Crédito: Dr. Friedrich Rupprecht Seyboth
Construção na antiga Fazenda Allica. Imagem: Acervo Família Seyboth
Vale que vigorava na obrage Puerto Artaza, de Julio Tomás Allica. Vendo a assinatura de Allica, cabe dizer que era uma homem letrado. Imagem: Acervo de Diego Nazarala - Entre Rios - Argentina - FOTO 8 -
Outro vale que era usado para pagar os mensues na obrage. Imagem: Acervo Diego Nazarala - Entre Rios - Argentina - FOTO 9 -
Bajada Vieja com sua rua que seguia até às margens do Rio Paraná, em Posadas, no começo do século XX. Os bolichos e botecos localizados junto a rua era os locais de "contratação" de peões para trabalharem nas obrages. Nessa beira-rio grassava na época fortemente a sífilis, por ser ponto de ampla prostituição. Imagem: Acervo Posadas de Ayer .
Publicação do extinto jornal curitibano "Commercio do Paraná, registra que a Apelação Civil nº 1020, da Comarca de Foz do Iguaçu, em que é apelante Julio T. Allica e apelado João Maria Alcorta, foi encaminhado ao Desembargador Teixeira (entende-se como integrante do Tribunal de Justiça do Paraná) (Commercio do Paraná. Curitiba: Anno XX, nº 3.818, ed. 05.10.1922, p.2 - Biblioteca Nacional Digital). - FGOTO 1 -
Nota do extinto jornal curitibano "O Dia" registra a presença na Capital Paranaense do empresário argentino Julio T. Allica¹, proprietário do empreendimento Porto Artaza, localizado às margens do Rio Paraná (submerso desde 1982 pelas águas do reservatório de Itaipu Binacional), no atual distrito de Porto Mendes, município de Marechal Cândido Rondon (PR). A visita de Allica a Curitiba, coincide com o banquete oferecido, no dia anterior, por empresários e industriais paranaenses ao coronel David Carneiro, presidente da Associação Comercial, no antigo Hotel Jonscher, em virtude de sua viagem à Europa. Na lista de presenças referenciadas ao jantar, o periódico não alude a presença do argentino no evento (O Dia. Curitiba: nº 262, ed. 03.05.1924, p. 1 e 5 - ¹ É possível que o obrageiro também tenha viajado à Capital para pedir providências contra os revolucionários paulistas e gaúchos (Coluina Prestes) acampados em sua propriedade há vários meses (nota do pesquisador). - FOTO 2 -
O extinto jornal curitibano "O Dia" assinala que o obrageiro argentino Julio T. Allica¹, esteve no Palácio do Governo do Paraná², na Capital Paranaense, em 06 de maio de 1924. ¹ É possível que Allica também tenha se dirigido à Capital para pedir providências contra os revolucionários paulistas e gaúchos (Coluna Prestes) acampados em sua propriedade há vários meses (nota do pesquisador). ² Era presidente(agora governador) do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha (1924-1928) ( id). Imagem: Acervo Biblioteca Nacional Digital - FOT0 3 -
Denúncia do periódico curitibano "O Dia" de que o obrajeiro Julio T. Allica, proprietário do empreendimento Porto Artaza, por emitir seu próprio papel-moeda¹ e com descrições em espanhol. O que no entender do extinto jornal se caracterizava em fato ilegal ante às leis leis brasileiras (O Dia. Curitiba: nº 655, ed. 22.8.1925, p. 1 - Biblioteca Nacional Digital). -- FOTO 4 -- ¹ Seguramente não se pode afirmar que tratava-se de papel-moeda particular. É certo que não passava simplesmente de um bilhete caracterizado, impresso, identificando determinado valor, em forma, de "vale de compras" (nota do pesquisador). foto 4 -
Nota informativa publicada no extinto jornal curitibano "Diário da Tarde" informando que o Congresso Legislativo do Paraná, agora Assembleia Legislativa, aprovou permissão ao argentino Julio T. Allica para alargar e tornar carroçável o caminho que vai desde o Rio São Francisco até o Rio Piquiri, no Alto Paraná, agora conhecido com Oeste do Paraná (Diário da Tarde. Curitiba: Anno XI, nº 2.785, ed. 21.04.1908, p. 2 - Biblioteca Nacional Digital). - FOTO 5 -
Nota publicada em 21.02.1922 pelo antigo jornal curitibano "Diário da Tarde", onde registra que a autoridade policial de Foz do Iguaçu, 1º tenete José Roiz S. d'Almeida encaminhou correspondência aos seus superiores, em que solicita, em face de informações do cônsul brasileiro em Posadas, a necessidade de fiscalização severa a bordo dos vapores argentinos e paraguaios que atracam nos portos do Rio Paraná, em território brasileiro ; que também o cônsul relata a necessidade de medidas para serem vistados pela autoridade brasileira os passaportes dos funcionários das empresas Barthe, Matte Larangeira e Allica (que emitem seus próprios passaportes) para evitar que peões que cometeram crimes saíam livremente do País. - FOTO 6 -
O argentino Julio Tomaz Allica, natural de Bella Vista, província de Corrientes, certamente esteve visitando/conhecendo a região do Oeste do Paraná bem no começo de 1900 ou até mesmo anos antes. A essa dedução se chega pelo fato da propriedade de terras que adquiriu do governo do Paraná, que deu origem ao Puerto Artaza¹ ou Fazenda Allica, ter acontecido em 1908, conforme fala a Lei nº 781, de 20 de abril de 1908, e também pelo material produzido pelo jornal paraguaio ABC Digital.
¹ Em homenagem ao sobrenome de sua mãe: Manuela Artaza (foto 2).
A historiadora Venilda Saatkamp assinala que o empreendimento começou a ser implementado em 1902:
"Foi a primeira fazenda de gado formada no atual território de Marechal Cândido Rondon de Marechal Cândido Rondon, organizada a partir de 1902, desenvolvendo-se possuia um rebanho de 890 cabeças de gado vacum, que era criado para consumo local". (SAATKAMP, Venilda. Desafios, Lutas e Conquistas: História de Marechal Cândido Rondon. Cascavel: Assoeste, 1984, p. 141).
Em Puerto Artaza, a Allica se estabeleceu como comerciante de erva-mate independente. Tornou-se muito próspero.
O ABC Color, periódico editado na Capital paraguaia, em sua edição de digital, de 1º de março de 2019, descreve Julio Tomaz Allica como um dos mais afamados “patrones” (termo usado para designar os donos de terras na época dos “mensues”). Que ele era engenheiro e oficial do exército argentino e que por causa de uma fracassada revolução em seu país, se refugiou no Paraguai.
A reportagem do ABC Color ainda relata que Allica era o mais desumano dos obrageiros. E que faleceu em 1941 (essa data não é correta). O obrageiro faleceu em 11 de novembro de 1940, na capital argentina, para onde viajou para tratamento saúde - estava acometido de adenocarcinoma na língua, como se verifica da certidão de óbito.
Na publicação "ENCARNACIÓN, 400 Años - 365 Historias - Etapa cognoscitiva - (Recopilación de Datos, Abril 2012- Abril 2013)", d do jronalista Andrés Morel, Allica é apontado como:
Uno de los más renombrados "patrones" (Termino que usaban para referirse a los Dueños de las tierras en la epoca de los mensu), se llamaba Julio Tomas Allica, De origen hispano- argentino, fue un oficial del Ejército argentino e ingeniero, que a raíz de una fracasada revolución en su país, se refugió en el Paraguay. Era de mediana estatura, corpulento, de tez morena, de larga cabellera con un gran bigote torneado hacia arriba. Su vestimenta era como la del auténtico gaucho con bombachón, adornados a los costados con un tejido tipo nido de abejas, encima llevaba un chiripá y un cinturón doble, de donde se colgaban dos grandes revólveres, uno calibre 38 y el otro 44, además de un puñal en la parte trasera de su cintura (...)
Matéria do canal televisivo Hoy 12, de Posadas, Argentina, refere-se a Julio Allica como:
(...) "administrador de los yerbales de Trabuccati y Cia. de Asunción, fue fundador de Puerto Adela en Paraguay y Puerto Artaza en Brasil, resultó promotor de un hito en la navegación fluvial del Alto Paraná como lo fue el viaje del vapor España al mando del Capitán Hummel en Julio de 1902, 200 km aguas arriba de Tacurú Pucú², que hasta entonces se consideraba el límite de la navegabilidad del Paraná antes del de los Saltos del Guayrá; Allica propuso a los armadores del "España", Nuñez & Gibaja, intentar la ruta, lo que fue logrado por Hummel, permitiendo dar salida a la producción de una amplia zona del Paraguay y Brasil, posibilitando también la fundación de Puerto Méndez y Puerto Guayrá por parte de la empresa Mate Larangeira Mendes, muy cerca de los saltos.
² Trata-se atualmente de Hernandárias, na República do Paraguai (nota do pesquisador).
Salvo melhores informações a virem, é quase certo, que depois de conhecer o potencial ervateiro das duas regiões, Allica empreendeu esforços para ser estabelecida uma linha de navegação pelo alto Rio Paraná.
Em julho de 1902 promoveu a viagem do navio “Espanha”, sob o comando do capitão Jordan Hummel³ até o limite de navegabilidade antes das Sete Quedas. Depois da bem sucedida viagem (ao menos é isso que se depreende), Allica procurou a empresa Nuñez y Gibaja, com sede em Posadas, Argentina, dona do vapor “Espanha”, para implantar uma linha regular de navegação pelo Rio Paraná, entre a capital da província de Missiones até o ponto final de navegação antes das Sete Quedas.
Allica logrou êxito com ideia com o pronto apoio do capitão Hummel junto a empresa de Misiones. O que é comprovado na obra “Semana del Mar”, reproduzido no site <http://www.histarmar.com.ar/InfHistorica-8/RecNavegacionFluvial-Cambas.htm> , que apresenta a conferência proferida por Anibal Cambas, historiador de Missiones, em 1946, sob o título de “Recuerdos de Nuestra Navegacion Fluvial", encontra-se parte da ata subscrita pelos protagonistas dessa viagem pioneira:
'El día 9 de Julio de 1902, los abajo firmados, todos vinculados al progreso de esta región, a bordo del vapor argentino "España", de 126 pies ingleses de eslora, 22 de manga, 5 de calado, y 174 toneladas de registro, armadores los Sres. -Núñez y Gibaja, españoles residentes en Posadas (Misiones), Capitán Jordán Humell, argentino; práctico Don Juan Martínez, español, maquinista Don Pedro Rosa, oriental, CERTIFICAMOS, Que: Secundando la lovable iniciativa de los armadores da este vapor, con él llegamos, por el río Alto Paraná, en un punto de la costa paraguaya, que denominamos "9 de Julio" en conmemoración del aniversario patrio, que festeja el Pueblo Argentino en este día. Dicho punto está situado a los 23° de latitud más o menos, según el mapa del Estado de Paraná (Brasil) del año 1888, a 130 kms. arriba de la barra del Iguazú, a 40 kfms. arriba de la desembocadura del río Santa Teresa (Paraguay) punto terminal de la expedición hecha por el cañonero Brasileño "Fernández Vieyra", a 20 kms del verdadero San Francisco de Ontiveros (Brasil), y 50 kms. abajo del Salto del Guayra. Para constancia dejamos clavado en un árbol, una tabla con la siguiente inscripción: "Vr. España, 9 de Julio de 1902.
(Foram corrigidas os erros de digitação no texto acima).
³ É falecido em 1942 na cidade de Posadas, Misones, Argentina. Por suas proezas, como comandante de vapores no mencionado rio, Hummel recebeu o apelido de "Lobo del Rio". Seus restos mortais encontram-se no cemitério "La Piedad", da cidade argentina referida (Primera Edición).
O estabelecimento da rota permitiu o escoamento de produção de uma ampla região paraguaia, brasileira (paranaense e matogrossense). Além de Porto Artaza, de propriedade Allica, a rota de navegação permitiu a instalação dos portos de Guaira e Porto Mendes, pela Cia. Matte Laranjeira.
A linha de navegação do vapor Espanha pode ser conferida pelo diário do cientista brasileira Dr. Adolfo Lutz, referente a sua viagem científica.
Anos depois, o próprio Allica teve seu próprio vapor, o “Villa Franca”, que fazia a linha entre Puerto Artaza e Posadas, ou ainda portos argentinos mais ao sul, transportando passageiros e mercadorias.
Era uma combinação perigosa rotineira empregada nos navios que faziam as rotas no Alto Paraná. A supressão da segurança e do conforto para os passageiros a bordo dos vapores era uma constante, principalmente para os viajantes de segunda classe, quase sempre gente que seguia para trabalhar numa obrage . O desleixo com a segurança e a comodidade dos passageiros era um meio para proprietários das embarcações aumentarem os lucros.
Muitos incidentes ocorreram nas rotas pelo Rio Paraná, por causa da insegurança a bordo. Um exemplo foi o sinistro que aconteceu com o vapor “Villa Franca”, como já falamos de propriedade de Julio Tomaz Allica. O incidente com a embarcação descrito pelo diário “El Território”, edição de 05 de junho de de 1923, e citado por Alberto Daniel Alcaráz, em “La Navegación en el Alto Paraná (1880-1920)”, Editorial Universitaria, Posadas, 2010, p. 127 e 138:
“ El Villa Franca de 126 toneladas de capacidad se hallaba presto a zarpar del puerto de Posadas a la media mañana de 4 de Junio de 1922 com destino a Puerto Mendes, Brasil, com diversas escalas previstas en el trayecto. A cargo de la nave se hallaba el capitán Roque Chacón, experimentado hombre de la navegación fluvial. Embarcaron 34 hombres de primera classe (comerciantes, industriales, obrajeros y turistas) y 64 de segunda com mensúes, correntinos, paraguayos, algunos com sus familiares (...) el carregamento consistia em 100 tambores de 200 litros de nafta cada uno, ubicados em la última bodega de proa.
De Posadas, la embarcación se dirigió a Encarnación, donde subieron más passajeros y continuó aguas arriba. A la media noche llegó a frente a Hohenau y ancló em um remanso de mediana profundidad, a unos 50 metros de la costa, tras arrimarse al barco se cargaron bolsas de maiz.
Los passajeros se hallaban entregados al sueño cuando a lá 1:30 comenzó a desencardearse uma serie de explosiones y la nafta derramada sobre la cubierta generó llamas que en contados minutos envolvieron a la embarcación”.
Estabelecido em Puerto Artaza, Allica não manteve sua atuação econômica aos limites de sua propriedade. Estendeu a extração da erva-mate até as margens do Rio Piquiri, região de Campo Mourão, onde hoje se encontra a sede municipal de Mamborê. Construiu ali um grande barracão para estocar a erva-mate colhida, para depois ser transportada às margens do Rio Paraná (Puerto Artaza) destinada à exportação para os moinhos de erva-mate na Argentina.
Manteve centenas de empregados, conhecidos como “mensúes”, em regime de trabalho análoga à escravidão. O trabalho no empreendimento de Allica e de outros “patrones” argentinos de obrages estabelecidas no Oeste do Paraná, era “trabalhar pela comida”, sob o rigoroso controle de capatazes.
Os mensúes era gente paupérrima, analfabeta, maioria solteira, quase 100% de origem paraguaia, aliciada nos bairros pobres de Encarnación e cidades próximas. Em Posadas, o bairro Bajada Vieja foi o famoso reduto de aliciamento de trabalhadores paar as obrages.
O pretenso candidato, para trabalhar noe empreeendimentos no Alto Paraná era iludido pelos agenciadores com promessas vãs. A arregimentação final do interessado era feita com comemorações em casas de prostituição regadas a muito bebida e com o adiantamneto do primeiro salário (quase sempre o único).
A antecipação monetária que recebia, o mensú já gastava e um tanto a mais nas casas de diversão, a ponto de ficar devendo ao patrón ao embarcar para a obrage. O empregador assumia previamente o compromisso de pagar a dívida de seu futuro empregado junto aos proprietários de bares e casas de mulheres localizados no bairro posadeno.
A antecipação de soldo e o pagamento dívidas deixadas, eram componentes enganosos do processo de aliciamento e consequente subordinação do mensú ao obrageiro.
Uma vez embarcado no navio que o levaria à frente de trabalho, o peão notava que havia “caído numa fria”, por causa da mudança radical de tratamento. No lugar da cordialidade anterior, predominava a grosseria e a brutalidade quase sempre sob ameaça de uma arma de fogo. O mesmo tratamento encontraria nas obrages, com a agravante de ter controlado todos os seus movimentos, para impedir a fuga.
Trabalhador em Artaza
Em conversa com o senhor Valdemar Kaiser, presidente do Sindicato Rural Patronal de Marechal Cândido Rondon, este comentou que um tio de sua mãe, foi funcionário de Allica na década de 1920. A família nunca soube como ele veio parar em "Porto Artaza". Contou Valdemar Kaiser, que a família Gremmelmayer, sobrenome de sua mãe, veio imigrante para o Brasil, procedente de Munique, Alemanha, e se instalou no Rio Grande do Sul.
Ainda segundo Valdemar, este tio-avô conseguiu fugir de "Porto Artaza" junto com um colega de trabalho. Soube por informação de seus pais, que os dois fugiram durante à noite, transpuseram o Rio Paraná num barco precário até a margem paraguaia e dali ele, não sabe se sozinho ou com o colega de fuga, iniciou uma jornada a pé rumo ao sul, meio escondido, margeando o Paranazão até avistar a margem argentina. Ali teria novamente transposto o Rio Paraná, atravessado a pé o território argentino de Missiones e parte do estado do Rio Grande do Sul, chegando junto de seus familiares depois de meses de andanças, virado um trapo humano.
O informante disse que também soube em relatos de seus pais, que esse tio-avô teria contado que se não tivesse escapado de "Porto Artaza", teria sido morto pelos capangas.
Somente quando os pais de Valdemar Kaiser vieram morar em Marechal Rondon, souberam que a Fazenda Allica, da qual o tio contara, ficava ali tão perto.
}
A reportagem do ABC Color, relata que Allica era o mais desumano dos obrageiros.
Segundo a neta Maria Elci Venâncio, moradora em Guaíra, com a morte de Allica, o Porto Artaza foi herdada por sua sua mãe, Joana Santa Cruz, enteada de Allica, que veio a se casar com Antonio Paim. Entretanto, o marido de Joana não foi feliz na administração da propriedade, foi vendendo ela aos pedaços a diversos compradores. A área central da fazenda foi alagada com o Reservatório da Itaipu. Antes disso, Paim e esposa já tinham se mudado para Guaíra. Sem recursos para sobreviver, o casal foi morar em Atibaia, no estado de São Paulo, junto ao filho Carlinhos, onde Joanita e Paim faleceram.
Em Guaira, faleceu a viúva de Allica, Cristaforia Sara Santa Cruz Allica, em 24 de março de 1964 e seu corpo foi sepultado no cemitério daquela cidade.
Em 1920, em viagem de Curitiba a Foz do Iguaçu, um compromisso de inaugurar a estrada de rodagem da Capital à Triplice Fronteira, esticou a viagem. Subiu o Rio Paraná para conhecer as Sete Quedas, Porto Mendes e Porto Artaza. Nesse último ponto foi efusivamente recepcionado ao sabor de champagne pelo dono do empreendimento, Julio Allica.
O antigo jornal curitibano "A República" publica o título "De Curitiba á Foz do Yguassù — Em Porto Artaza e na vivenda de d. Ricardo Pereira — O que é a Empresa Julio Allica", do correspondente identificado com as letras J. B.:
Em Porto Mendes aguardava a nossa chegada o d. Ricardo G. Pereira, administrador da "obrage" Julio Allica, com o seu automóvel para nos transportar por terra ao Porto Artaza (1 kilometro).
Neste porto fomos recebidos por d. Julio Allica e sua exma. senhora, em sua explendida vivenda.
Depois do necessario descanso, foi-nos oferecido um magnifico banquete. Ao champagne d. Ricardo pronunciou a seguinte saudação:
Senor Representante del Gobierno del Estado do Paraná, senhores representantes del Ministro de Guerra, Viação y Agricultura; senores acompanantes.
En nombre de mi mandatario, senor Julio T. Allica cabeme da honra de tomar a palabra para expressarvos nuestros efusivos agradecimento por esta gentil y honrosa visita. Quero significarvos, tambien, que es esta la primera vez que el primer mandatario del Estado de Paraná se ha resuelto a hacer una cruzada de 800 kilometros para internarse en nestas regiones, significando para nosotros el más efficaz y noble asficiente (?, grifo nosso), por quando de ele se desprende, que apesar de la enorme distancia, nos estamos tan alejados de Curityba, ni olvidados de los nombres que manejan el complicado engrenage del gobierno, que el exmo. sr. dr. Alfonso Camargo há sabido llevar con tanto acierto y noble patriotismo, tengo la certeza, mis dinos senores que este viaje que habeis realizado no responde a fines esportivos, sino que los encontraes aqui para contemplar de cerca de vuestra grand y meritoria obra, al és, senores, el camino de Guarapuava al Iguassu' que acabeis de inaugurar y que solo sabemos apreciar los que estamos aqui luchando dentro de esta rica y grandiosa selva.
Este camino, srs. é el zurco que acaba de dejar abierto el ilustrissimo dr. Camargo y donde germinará el futuro de esta hermoza y rica zona.
Quiero tambien significar que esta pequena poblacion que está surgiendo aqui se debe unica y exclusivamente al labor tenaz y constante que lleva empenado el sr. Allica por indicacion del distincto dr. Candido de Abreu (que en paz descanse) cruzó a este lado y qual el ante salvador y corpulento entro derrubando arboles y abriendo-se caminos a furça de machete, trabando-se una enorme lucha con la selva virgen, convertida hoy en lugar agradable y con relativas comodidades, las que a medida de suas fuerzas se van ensanchando.
Actualmente nuestros trabajos se encuentram a 45 leguas de aqui al outro lado del Pekiry y á 8 leguas del Campo Moron, tenemos una instalacion telefonica de 120 kilometros y muy en breve por iniciativa del senor Felinto Braga y de comum acuerdo llegamos con nuestro telefone á Catandubas, y ara antes de finalizar el corriente ano, tendremos tambien unidos nuestros caminhos con el que viem de Guarapuava.
Deseeando tambien contribuir, al senor Allica, á la nacionalización de grande parte del personal infantil, desde el proximo ano funccionará aqui una esculea, gratuíta que de acuerdo con los programas del Estado, aprederan los ninos el portuguez con la poco à poco se eles irá inculcando el amor á la nacionalidad brasilena y por ultimo para terminar senores, hago votos para que el sucesor del dr. Camargo, lleve has riendas del gobierno con ele miesmo acierto y entusiasmo y que tenga la suerte de rodarse de colaboradores tan competentes y laboriosos, como los senhores doctores Moreyra Garcez , presente a este acto y el dr. Arturo Franco¹ (grifo nosso).
Para terminar senhores, levando mi copo y brindo por la presperidad del Estado de Paraná.
Dr. Affonso Camargo, respondeu agradecendo e felicitando d. Julio Allica pelo seu trabalho que muito tem contribuido (...) o desenvolvimento daquella zona.
D. Julio é, na verdade, um benemerito, a quem muito deve o Paraná.
Aportando ao nosso território, ha perto 20 anos como simples peão, com (...) pelo seu trabalho e esforço pessoal realizar uma obra digna d emenção naquele sertão, que era mata virgem, quando elle ali chegou, melhoramentos e serviços, como só poderia fazer uma empreza com fortes capitaes.
A sua vivenda é um mimo de bom gosto e conforto. Cercada de varandas cobertas de trepadeiras e orchideas, fica situada no meio de um bello parque onde se vêm caramanchões, viveiros de pássaros, pombal e um lago povoado de cysnes, ganos e marrecos.
Possue varios especimes de nossa flora. É uma grande apreciador de nossa natureza.
O seu estabelecimento industrial é um dos mais importantes da costa do Paraná.
No Porto Artaza, além de sua casa de moradia, possue casas de alvenaria para a administração, depósito de herva matte, officina mecanica, residencia do administrador, casas para os operarios.
D. Julio não possue senão 200 hectares de terras, onde reside e explora hervaes arrendados do Estado.
Apezar disso tem construido 45 leguas de estrada de rodagem, uma linha telephonica de 120 quilometros, ligando o Porto Artaza ao Depósito Central. Esta linha será prolongada até o Pequiry, com a extensão de 160 kilometros. Seus trabalhos já estão a 8 leguas de Campo Mourão.
D. Julio faz grandes plantações de milho, mandioca, canna de assucar para abastecer o seu pessoal.
Trabalha com 940 operários, 80 carros, 870 mulas e 140 bois; possue 600 vacas de criar, 3 autos.
O PortoArtaza é iluminado á luz electrica por 15 focos, sendo a luz produzida por um dynamo de 1.H.P. Vae instalar uma turbina hydraulica, para subsituir o actual motor a gazolina.
Homem como D. Allica, de coragem, e energia que do nada conseguem realizar uma obra notavel como essa —merecem ser destacado como exemplos dignos de imitação.
Delles é que precisa o Estado para aproveitamento de suas incalculáveis riquezas, ainda não aproveitadas (in: anno XXXIV, nº 124, ed. 26 de maio de 1920, p. 1 — Biblioteca Nacional Digital).
Existe um número expressivo de publicações impressas e postadas na mídia eletrônica falando das obrages e sua atuação no Oeste do Paraná. Todavia, é preciso ter a cautela de não levar ao pé-da-letra tudo o que está escrito nessas postagens. Há muitas controvérsias e afirmações equivocadas inseridas nos textos.
Fontes das imagens de recortes de jornais:
FOTO 1 : . Acesso em 08.11.2022.
FOTO 2 : . Acesso em 08.11.2022 < http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=092932&Pesq=Julio%20T.%20Allica&pagfis=2433 >. Acesso em 08.11.2022>.
FOTO 3 : < http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=092932&Pesq=Julio%20T.%20Allica&pagfis=2448 >. Acesso em 08.11.2022.
FOTO 4: < http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=092932&Pesq=Julio%20T.%20Allica&pagfis=5567> . Acesso em 09.11.2022.
FOTO 5 : < http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=800074&Pesq=Julio%20T.%20Allica&pagfis=10203 >. Acesso em 09.11.2022.
FOTO 6 : . Acesso em 12.11.2022.
COMENTÁRIOS